O gesso é um dos três aglomerados minerais mais utilizados na construção civil, os outros dois são o cimento e a cal. Quanto a sua composição química, o gesso é caracterizado como sulfato de cálcio hemi-hidratado.
(CaSO4 . ¹/2 H2O)
O gesso é normalmente obtido pela calcinação da Gipsita, segundo a reação representada pela equação 01.
Eq. 01 – Desidratação da Gipsita
CaSO4 . 2H2O + Calor CaSO4 . ¹/2 H2O + 3
¹/2 H2O
A gipsita, matéria-prima para produção de gesso, é um mineral compacto, de baixa
dureza (riscado pela unha), pouco solúvel em água e muito solúvel em ácido clorídico (HCI).
Os depósitos mais importantes da gipsita no Brasil estão localizados em Pernambuco, na região do Araripe, situada no limite dos Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí, onde se localiza o Pólo Gesseiro do Araripe.
Mineração
Os depósitos de gipsita do Araripe são os mais importantes do pais porque apresentam uma reserva em cerca de 400 milhões de toneladas, de alta pureza,e grandes horizontes. A espessura do corpo mineral e a relação minério estéril permite uma extração
bastante lucrativa.
A extração do minério na Região do Araripe é realizada a Céu aberto e em forma de bancadas.Na operação de desmonte, são normalmente utilizados marteletes para perfuração, explosivos de média potência, bombas d’água, caminhões, pás carregadeiras, etc.
Após o desmonte da bancada, s blocos maiores são fragmentados de modo a ficar com o peso próximo a 40kg.Esses fragmentos de minério, matacões, são então transportados para o pátio de estocagem das calcinadoras onde sofrem beneficiamento de acordo com o processo de produção de cada uma.
Calcinação
O processo de calcinação da gipsita do tipo de forno utilizado. De uma forma geral, os blocos de minério passam por diversas fases, a saber:
Britagem (britadores de mandíbulas e de martelos);
Calcinação;
Moagem (moinhos de martelos);
Embalagem.
São basicamente quatro os tipos de fornos utilizados pelas indústrias gesseiras no Araripe:
Panela;
Marmita;
Rotativo tubular;
Marmitas rotativos.
Fornos tipo panela
Esses fornos, em processo de extinção no Araripe, caracterizam-se pela forma de panelões de aço, são circulares, abertos, de grande diâmetro,e de pequena altura. Esses equipamentos normalmente estão assentados sobre uma fornalha de alvenaria, onde se utiliza lenha para combustão.
Nos fornos panela, as pás agitadoras homogeneízam a calcinação e, os controles de temperatura e do tempo de residência do material no forno são realizados empiricamente, através da observação visual.
Fornos Tipo Marmita
Esses equipamentos caracterizam-se pela forma de panelões fechados (cubas), onde o calor gerado na parte inferior é conseguido com a queima de óleo BPF ou da lenha.
Nestes fornos a temperatura pode ser controlada através de pirômetros. Um sistema de palhetas internas, na cuba, garante a homogeneidade do material.
Fornos Tipo Rotativo
Esses fornos caracterizam-se por terem a forma de um tubo giratório, são de aço e material refratário, de grande extensão e com uma pequena inclinação.
Neste equipamentos, o minério moído entra em contato direto com a chama, que sai do maçarico, no lado da alimentação. O minério sendo calcinado percorre, por gravidade, toda a extensão do forno e o tempo de residência é controlado pela velocidade de rotação do tubo.
Fornos Tipo Marmita Giratório
Tem a forma de um tubo giratório, são de aço e material refratário, com extensão dependendo do volume de produção. Em alguns casos, tem seus controles automatizados que seguem rigorosamente as instruções preestabelecidas através de gerenciamento por computadores e em outros são operados empiricamente.
Nestes equipamentos, o minério moído não entra em contato direto com a chama, em alguns casos o forno tem controle de tempo, de temperatura e de perda de massa. Alguns destes fornos podem apresentar o controle da pressão interna. O material permanece na cuba e sua descarga é intermitente.
Características e Propriedades do Gesso
Algumas propriedades especificas do gesso garantem um excelente desempenho quando este material é utilizado como aglomerante:
Elevada plasticidade da pasta;
Pega e endurecimento rápido;
Finura equivalente ao cimento;
Pequeno poder de retração;
Estabilidade volumétrica.
A propriedade de absorver e liberar umidade confere aos revestimentos e paredes em gesso uma elevada capacidade de promover, no ambiente, um adequado equilíbrio higroscópico, além de funcionar como inibidor de propagação de chamas, liberando moléculas d’água quando em contato com o fogo.
Por outro lado, devido a solubilidade do gesso e seus derivados (1,8 g/l), a utilização destes materiais ficam restritos a ambientes interiores e onde não haja contato direto e constante com água (áreas molhadas) e desde que se considere a aspectos relevantes
como:
Alto poder oxidante do gesso quando em contato com componentes ferrosos;Alto poder expansivo das moléculas de etringita, formada pela associação do gesso com o cimento em fase de hidratação;
Diminuição da resistência, dos pré-moldados de gesso, com o grau de umidade absorvida;A solubilidade e lixiviação com a percolação de água constante.
A PRODUÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS DE GESSO
Os pré-moldados de gesso como blocos, placas e painéis são produzidos a partir do gesso fundição e água.
Os pré-moldados são produzidos pelo processo de fundição da pasta de gesso em matrizes de aço inox e liga de alumínio. A pasta é preparada a partir da mistura do gesso com a água, em misturadores eletromecânicos ou manualmente.
Após a moldagem os pré-moldados são secados naturalmente e estocados. A garantia de qualidade dos pré-moldados de gesso é conseguida pelo controle de qualidade do gesso, e da água utilizadas na preparação da pasta.As operações unitárias envolvidas no processo de produção dos pré-moldados consistem basicamente em:
Preparação da pasta;
Fundição;
Secagem;
Seleção;
Estocagem.